sexta-feira, 24 de junho de 2011

Chery QQ( kiu kiu)



É inevitável não associar a carinha de brinquedo japonês do QQ a um personagem Pokémon. Pequenino e com faróis que lembram olhos e grade que parece uma boca, o chinês é carismático. Mas não é pela simpatia que a Chery aposta no modelo. Completo (com ar-condicionado, direção hidráulica, travas, vidros e retrovisores elétricos, CD player, airbag e ABS), o carro chega por 22 900 reais, previsto para estrear no início de 2011.

Ainda que com um preço atraente pelo que oferece, o QQ logo desperta algumas dúvidas, principalmente no que diz respeito a segurança e pós-venda. Luis Curi, presidente da marca no Brasil, assegura: “Temos total confiança no QQ. Apesar de não ter sido submetido ao crash-test do C-NCap [equivalente chinês do renomado Euro-NCap], o carro passou pelos testes de impacto do inglês VCA”.

Nossa preocupação se justifica pelo resultado obtido num crash-test encomendado pela revista russa Autoreview, no padrão do Euro-NCap. O teste indicou que, numa situação real, o motorista de um QQ sofreria sérias lesões no tórax, pescoço e cabeça, além de ferimentos leves de média gravidade nas pernas e pés. Foram constatadas ainda falhas gravíssimas. No início do impacto, a porta do motorista se abriu, pois a deformação estrutural deslocou o trinco. As chapas do arco estrutural da porta se rasgaram em cima e embaixo. Com o impacto, os plásticos de acabamento formavam bordas cortantes e a capa da coluna de direção atingiu a perna direita do dummy. Curi garante que desde 2006, quando foi realizado o teste, melhorias estruturais e de materiais foram introduzidas no QQ, mas não soube precisar quais foram.

Quanto à qualidade de acabamento, os mesmos problemas dos outros Chery avaliados por QUATRO RODAS: bancos com costuras irregulares e tecido empapado e parafusos aparentes. Mas há também os mesmos pontos positivos, como os vários equipamentos e facilidades (abertura interna do bocal de abastecimento e do porta-malas e sensor de ré). As guarnições (sobretudo a do para-brisa) são um pouco onduladas e destoam dos sinais de cuidado, como o emborrachado tipo bate-pedra dentro dos para-lamas.

Cedido com exclusividade para nossa avaliação, o QQ rumou para a pista de teste de Limeira (SP). Com apenas 3,55 metros de comprimento, o Chery é 14 cm menor que um Mille e pesa só 890 kg. Ou seja, já esperava um comportamento “solto” em alta velocidade – mas nem tanto. As provas de aceleração exigem força plena de 0 a 1 000 metros, marca na qual o QQ passou a 137 km/h. Nessa velocidade, o piloto precisa ficar atento para pequenas correções de trajetória, pois a suspensão não é suficiente para neutralizar os efeitos do vento na carroceria. Sobre asfalto irregular e em velocidades mais, digamos, urbanas, o amortecimento consegue proporcionar bom nível de conforto. O motor 1.1 a gasolina é eficiente: fez um 0 a 100 km/h na média dos concorrentes 1.0 flex (sempre testados com álcool), 14,3 segundos. Mesmo assim, manteve a vantagem esperada de um carro a gasolina: 11,4 km/l na cidade e 15 na estrada.

A Chery garante que está preocupada com o pós-venda. “Sabemos que os chineses são vistos com certa reserva pelo brasileiro. Então, vamos fazer de tudo para conquistar sua confiança. O QQ terá garantia de três anos, revisões com preço fixo, planos especiais de seguro e peças de manutenção básica nacionalizadas”, afirma Curi. Se tudo isso for cumprido, ótimo: é segurança para o bolso. Agora só fica faltando uma prova cabal da segurança do carro num teste do atual QQ em um crash-test padrão NCap.

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